Além disso, antes de casar, veja as liberdades que o meu pai tinha e que nenhum milionário conseguia alcançar. Sabia fazer um sapato! E queria viajar. Então, pôs a sua pequena toilette (o que se chamava toilette era um quadrado de pano preto), pôs lá cabedal, as ferramentas, pendurou aquilo num pau e partiu a pé, estrada fora! Quando já não tinha dinheiro, sentava-se na praça pública de uma aldeia, com as suas coisitas, e as pessoas traziam os sapatos para ele consertar. Deu assim a volta à Europa, sem ninguém o incomodar, sem a mínima preocupação. Era um senhor. Tinha uma vida de aristocrata. Era um grande aristocrata. Ponha o mesmo operário na Bata*, fica a coser entressolas toda a vida.
* Fábrica das sapatarias Charles lá do sítio.
Jean Giono numa entrevista, em 1960.
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