Quando Ernest ia a um museu, nunca era para olhar para os quadros em geral, mas só para uns poucos especiais. Às vezes ia para ver um quadro e depois partia. Atravessaria uma sala inteira de Ticianos sem olhar para nenhum a não ser aquele que queria ver, e depois ficaria em frente desse quadro, absorvido nele, a olhar para ele durante quanto fosse necessário para as suas emoções.
#1
[...] entre quarenta e cinco e cinquenta e poucos, em cada ano, o meu pai organizava um mês de férias em Espanha. Alugava um carro, preparando cuidadosamente o itinerário, com o mesmo entusiasmo com que mais tarde o recordava.
#2
Fallou-se muito da festa nos dias que medeiaram entre o projectal-a e o realisal-a. Pendo hoje a crêr que o que principalmente diverte em todas as festas é o antegostal-as. Fazer projectos […] Só acho comparavel ao prazer de antegostal-as, o de recordal-as… annos depois.
Mas a questão decisiva, a única questão que justifica estarmos aqui em vez de estarmos a praticar pólo aquático ou a rachar lenha, continua a ser esta: vale a pena? O que fazemos é diferente de não fazer nada? E o que eu vos garanto é isto: se queremos fazer algo que vale a pena, temos de trabalhar como soldados, não podemos comportar-nos como diletantes que procuram o "tom certo", essa coisa nauseabunda.
