terça-feira, 21 de março de 2017

TEMPO NORTE-AMERICANO II

Tudo o que escrevemos
será usado contra nós
ou contra aqueles que amamos.
São estas as condições,
é pegar ou largar.
A poesia nunca teve hipótese
de se pôr fora da história.
Um verso dactilografado há vinte anos
pode ser escarrapachado a tinta na parede
para glorificar a arte como distanciamento
ou tortura daqueles que
não amámos mas também
não quisemos matar

Nós seguimos mas as nossas palavras ficam
tornam-se responsáveis
por mais do que tínhamos na intenção
e isto é privilégio verbal
Adrienne Rich, Uma paciência selvagem.
(trad. Maria Irene Ramalho e Maria Teresa Varese)

Sem comentários:

Enviar um comentário