quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Blues

O tio Arlindo, que cumpriu serviço militar em Angola, esteve em Jersey, tornou à Madeira, avançou para a Venezuela. [...] O tio João continuava na África do Sul. A tia Rosa e o tio Agostinho também. O tio Martinho foi para a Venezuela. O tio Gabriel também. Dos homens do lado da mãe, já só faltava o tio Ernesto. «Eu achava-me envergonhado. Ia à missa e já não via rapazes», conta ele. «Todos caminhavam e eu ali, armado em tonto. Um homem... Sozinho... Eu pensei: "Bem, vou caminhar também!"» E lá foi.
Ana Cristina Pereira, Movimento perpétuo: Histórias das migrações portuguesas.

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