sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Uma vida eterna

"Uma vida eterna talvez fosse suficiente para resolver o fogo, as brasas e as cinzas da efemeridade terrena. Ou talvez não. Talvez nos fôssemos envolvendo em novos fogos ao longo da eternidade. Quão eterna pode ser a eternidade? E duas eternidades?!" Ri-me com os meus botões. "Duas eternidades!" Deixei escapar uma curta gargalhada. Continuava especulando sozinha, evadindo-me comigo, com as minhas conversas. "O meu cérebro não para. Máquina maldita! Para, Maria Luísa, para! Vive isto, agora. Vive só isto. Mais nada." E obrigo-me a respirar. A focar-me nos sentidos e só neles. As flores e o seu odor. A luz ainda mansa que não me fere os olhos.
Isabela Figueiredo, A Gorda.

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